Num desses momentos de autoanálise percebi que o incômodo não é envelhecer, sinto como se já tivesse experimentado mais sensações do que pude suportar, por isso, me sinto mais velha do que sou. O que incomoda é a indecisão insistente, o passado compulsivo e sufocante retornando a cada passo. Os perfumes de ontem se confundem com as vozes de amanhã, eu me arrasto nesse labirinto confuso seguindo em frente com as amarras de antes, tentando não desmoronar, mesmo sangrando a cada passo. Quem sabe um dia volta a ser primavera e essa flor despetalada contrarie o curso natural da vida mais bela e mais perfumada do que antes. Eu preciso pensar assim pra seguir em diante, pra apreciar a brisa que vez por outra me acaricia quando o inverno é mais insuportável.
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