...
Resolvi escrever porque acho que consigo me expressar um pouco melhor
assim, melhor até do que quando somente falo, mas resolvi fazê-lo, sobretudo,
porque queria dizer isso agora, não mais tarde quando não estivesses mais com
ela ou em outro momento em que tivesses tempo. Impulso? Talvez, porque não sei
se diria o mesmo depois, se quer sei se teria vontade de dizer algo
depois.
Na verdade, não sei por onde começar, mas
como preciso dizer algo, bem, não sei se te importa, mas acabei de tomar café
da manhã e foi uma sensação indescritível. Tomar café com leite e comer pão com
manteiga... sinceramente, não lembro da última vez em que fiz isso. Confesso
que foi mais incômodo que prazeroso, mas quer saber, eu o fiz, ninguém me
pediu, só achei que me faria bem e isso é tudo que quero agora, ficar bem.
Aliás, tenho pensado tanto nisso. Como ficar bem? Como encontrar algum
contentamento diante de todos os últimos estremecimentos involuntários.
Tu tens sido um algo involuntário (digo
algo, porque como falava antes, ainda não encontrei um adjetivo pra te
descrever), alguém que não esperava, não só porque, de fato, não esperava por
ninguém, mas também por ter causado tantas mudanças aqui dentro. Quantos
planos? Quantas expectativas? Lançaste alguma coisa que me deu vontade de viver
novamente, de me sentir viva, não só por ti, por mim. Percebi que ainda estou
viva, só precisava despertar algo que já estava dentro de mim. Quanto a isso,
podes até sentir um pouco de arrogância, porque fizeste parte dessa mudança.
Foi essa percepção que me trouxe a
tranquilidade de comer, dormir, planejar o que vou fazer hoje, algo simples pra
qualquer ser humano normal, nem tanto pra mim, como sabes. Ontem, me peguei
pensando, ele está com ela, ele demanda mais tempo a ela que a mim. Isso me
mostra o interesse. Não porque, como disseste, eu não tenha tempo. O tempo é
tão relativo, querido. O tempo que passas com ela poderia ser comigo, na
prática, tenho as noites e as manhãs livres, não é o mesmo tempo? Enfim, não
vou questionar, não era esse objetivo. Falei nisso pra te dizer da surpresa que
me causou o fato de me perceber tranquila. à noite, peguei meu violão, tentei
arranhar algumas coisas, fazer o que mais amo neste mundo, cantar; li um pouco,
fiz minhas orações e sozinha tive uma epifania, constatei algo tão simples, mas
tão surpreendente pra o momento que vivo: estou sozinha e feliz, mesmo sabendo
que neste exato momento ele está com a outra, sabe-se lá fazendo o quê e esse o
quê não me importa. Outra coisa, o resultado da Uepa ainda não saiu e isso
também não me importa.
Acho que sofri tanto todos estes anos que me
acostumei ao sofrimento a ponto de sofrer por antecedência e por mais racional
que tente ser, a ansiedade não é algo que eu consiga controlar com tanta
facilidade, aliás, ela geralmente me derruba. Não fosse a incrível capacidade
de atuar que a sala de aula me ensinou ao longo dos anos, talvez tivesse
enlouquecido há tempos. Entretanto, exatamente agora, estou sem as máscaras,
completamente exposta e tranquila. Eu não sei qual será tua escolha, não sei se
vou passar na prova e quer saber, pelo menos, só por agora não quero me
importar com isso. Quero encostar minha cabeça no travesseiro e dormir bem sem
precisar de um calmante, como hoje. Acordar sorrindo, mesmo que não seja do teu
lado. Ser feliz dando aula àquelas crianças, mesmo que isso não seja o que
planejei pra mim. Eu quero o agora, quero ser feliz agora, porque o agora passa
tão rápido e sou tão confusa quanto a esfinge.
Não quero entender nada, não quero me
preocupar com nada. Só quero viver. Na verdade, quero muito que tu faças parte
disso, mas não sou eu quem vai dizer o que deves fazer. O que posso dizer, é
que fazendo ou não parte da minha vida, é assim que vou viver daqui por diante,
tranquila. Nada nessa vida é por acaso, Deus permite que algumas coisas
aconteçam pra que façamos escolhas. Eu fiz a minha e independente do resultado,
quero ficar tranquila, porque sei que Ele quer o melhor pra mim e o que tiver
de ser será.
Podes estar pensando, pra que ela escreveu
tudo isso? Posso te dizer que nem eu sei muito bem o porquê. Sei que me
conquistaste de forma tão intensa que pareces a única pessoa no mundo pra quem
consigo me abrir, dizer tudo, me expor sem minhas tão caras máscaras de todas
as maneiras possíveis mesmo com aquela pontinha de vergonha que já conheces. É
um grande avanço, pra mim, pelo menos.
Bom, espero não ter te cansado tanto e peço,
não leve a mal meu desabafo, é que parece que és uma das únicas pessoas do
mundo que consegue entender minhas loucuras sem me julgar, que me quer (pelo
menos, por enquanto) apesar de todos os pesares e ainda consegue ver algum tipo
de beleza em meio a todos os meus defeitos. Essa é uma das muitas razões pra eu
te querer e pra te importunar tanto com as minhas tolices. Mas isso é outra
história. De qualquer forma, conversamos depois, quando conseguires achar um
tempinho pra mim.
Bjnhs,
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