domingo, julho 27, 2008

Novas reflexões

261. O eu - o foco do sofrimento. A redenção - destruição do eu. Completa absorção nas massas.
266. Crime - sentimento de culpa - necessidade de absolvição - mobilização a serviço de um ideal - novamente culpa - execução de um novo crime a serviço do ideal - novamente a necessidade de uma expiação - vinculação redobrada ao ideal - e assim por diante. Um círculo vicioso.
270. E assim, de repente ou paulatinamente, a vida se esgota, se esvai, se esvai. A estima toma o lugar da amizade. A autonegação substitui o respeito. Obediência em vez de participação. Sujeição no lugar da fraternidade. O entusiasmo toma o lugar da dúvida. Tortura no lugar da alegria. Repressão no lugar da saudade. Mortificação no lugar da meditação. Traição em vez de separação. Uma bala em vez de uma justificativa. Matança em vez de cisão. Morte em vez de mudança. Viagem purificadora em vez de morte. "Imortalidade" em vez de vida.
(A caixa preta - Amós Oz)

quinta-feira, julho 17, 2008

Coisas que tenho aprendido nessas férias

Lendo algumas coisas, achei algo que me despertou um interesse peculiar. Meio auto-ajuda talvez, mas quem é que não precisa disso de vez em quando? É bom olhar um pouco pra dentro de si, se analisar pra aparar as arestas e enfim crescer, grandes passos começam por pequenos degraus.

Dez mandamentos paradoxais

1. As pessoas são ilógicas, irracionais e egocêntricas. Ame-as, apesar de tudo.
2. Se você fizer o bem, as pessoas o acusarão de ter motivos egoístas ocultos. Faça o bem, apesar de tudo.
3. Se você tiver sucesso, ganhará falsos amigos e inimigos verdadeiros. Busque o sucesso, apesar de tudo.
4. O bem que você faz hoje será esquecido amanhã. Faça o bem, apesar de tudo.
5. A honestidade e a fraqueza o tornarão vulnerável. Seja honesto e franco, apesar de tudo.
6. Os maiores homens e mulheres com as maiores idéias podem ser eliminados pelos menores homens e mulheres com as mentes estreitas. Pense grande, apesar de tudo.
7. As pessoas favorecem os oprimidos, mas seguem somente os bem-sucedidos. Lute pelos oprimidos, apesar de tudo.
8. Aquilo que você passa anos construindo poderá ser destruído da noite para o dia. Construa, apesar de tudo.
9. As pessoas realmente precisam de ajuda, mas poderão atacá-lo se você ajudar. Ajude-as, apesar de tudo.
10. Dê ao mundo o melhor de você e levará um soco na cara. Dê ao mundo o melhor de você, apesar de tudo.

quinta-feira, julho 10, 2008

Tenho até medo de pensar no que eu fiz, no que eu vivi durante aqueles dias, de quando achava que a felicidade era tudo o que nos preenchia. Eu fazia vista grossa pra tudo e olhando por cima, sabe que até parecia legal? Era tudo tão simples, só usar as três palavrinhas mágicas: quero te ver, e pronto! Num passe de mágica todos os meus problemas sumiam.

Eles sempre pareciam muito pequenos porque era só te ver, ouvir tuas histórias e os teus problemas insistentes a me sufocar que eu esquecia de mim. Tão cansada de falar, eu só ouvia e o meu corpo era bem recompensado. Deves ter percebido que eu sou meio masoquista, né? Mesmo quando eras mais grosseiro e descontavas em mim as tuas frustrações, meu sorrizinho de canto de boca aparecia, não por desdém, mais por satisfação mesmo.

Bom, agora nada mais importa, na verdade, nem mesmo sei porque esses momentos teimam em dançar na minha cabeça se tudo o que eu quero é distância. Por isso, não se engane, não quero ter nada de volta e percebo que nem era essa a intenção da nossa última conversa, eu confundo tudo mesmo.

Já descartei qualquer possibilidade de ter de volta e só agora percebo que terminou muito antes do que eu imaginava. É muito mais fácil entender quando se está de fora, quando já se abandonou tudo, isso mesmo, eu não vivo de ruínas e ao contrário do que tinhas me dito, tens um grande poder destrutivo. Há muito não vejo o mesmo homem que me conquistou, talvez porque ele nunca tenha existido. Mas não se preocupe – se é que algum dia foste capaz de te preocupar comigo – a fase do ódio passou. Nestas palavras não existe nenhum traço de raiva, é só desabafo.

São palavras confusas, eu sei, mas sei também que és capaz de entender, embora tenhas alegado não entender o que eu escrevo. Aliás, acho que nunca saberás da existência de nenhuma dessas linhas apesar de estarem tão expostas. Deixa pra lá, como sempre, até algum dia.

domingo, julho 06, 2008

Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir

Ah, se ao te conhecer
Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir

Se nós nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir

Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu

Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu

Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios ainda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair

Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir.