domingo, abril 23, 2017

Metade
(Adriana Calcanhoto)

Eu perco o chão
Eu não acho as palavras
Eu ando tão triste
Eu ando pela sala
Eu perco a hora
Eu chego no fim
Eu deixo a porta aberta
Eu não moro mais em mim


Eu perco as chaves de casa
Eu perco o freio
Estou em milhares de cacos
Eu estou ao meio
Onde será
Que você está agora?


Eu perco o chão
Eu não acho as palavras
Eu ando tão triste
Eu ando pela sala
Eu perco a hora
Eu chego no fim
Eu deixo a porta aberta
Eu não moro mais em mim


Eu perco as chaves de casa
Eu perco o freio
Estou em milhares de cacos
Eu estou ao meio
Onde será
Que você está agora?


segunda-feira, abril 17, 2017

Talvez destrua meu fígado antes de dilacerar minha alma.
Devia estar sentindo muita dor quando fez isso, disse ele após uma olhadela pelas costuras do meu braço. Me desarmou de imediato, ambos sabíamos que eu não sentia nada cada vez que cravava a lâmina e o sangue jorrava, não havia dor. Olhos baixos no teclado, ele não me julgou, foi o primeiro. As mangas longas escondem a cicatriz, a vergonha, os julgamentos, mas não serão capazes de conter a explosão que escorria com aquele líquido vermelho e grosso que ensopava os lençóis. Foi apenas uma porção minúscula, quase microscópica e temo pelo que virá.

sexta-feira, abril 14, 2017

Chocolate, orgasmo ou lâmina?
Eis a questão.