quinta-feira, setembro 03, 2009

Rossignol

Comme un vol criard d'oiseaux en émoi,
Tous mes souvernirs s'abattent sur moi,
S'abattent parmi le feuillage jaune
De mon coeur mirant sont tronc plié d'aune
Au tain violet de l’eau des Regrets,
Oui mélancoliquement coule aprèe,
S’abattent, et puis la rumeur mauvaise
Qu’une brise moite en montant apaise,
S’éteint par degrés dans l’arbre, si bien
Qu’au bout d’um instant on n’entend plus rien,
Plus rien que la voix celebrant l’Absent,
Plus rien que la voix — ô si languissante! —
De l’oiseau qui fut mon Premier Amour,
Et qui chante encore comme au premier jour;
Et, dans la splendeur triste d’une lune
Se levant blafarde et solennelle, une
Nuit mélancolique et lourde d’été,
Pleine de silence et d’obscurité,
Berce sur l’azur qu’um vent doux effleure
L’arbre qui frissonne et l’oiseau qui pleure.

(Verlaine)



Como um vôo estridente de pássaros agitados
Todas as minhas lembranças se abatem sobre mim
Abatem-se sobre a folhagem amarela
De meu coração mirando seu tronco de alno
Ao estanho violeta da água da Saudade
Que melancolicamente corre aos seus pés
Abatem-se, e depois o rumor desagradável
Que uma brisa morna soprando acalma
Extingue-se gradativamente na árvore, tanto
Que um instante depois não se ouve mais nada,
Mais nada a não ser a voz celebrando a Ausente,
Nada além da voz — oh tão enlanguescente! —
Do pássaro que foi meu Primeiro Amor,
E que canta ainda como no primeiro dia;
E, no esplendor triste de uma lua
Elevando-se pálida e solene, uma
Noite melancólica e pesada de verão,
Plena de silêncio e de escuridão,
Acalenta no azul que um vento doce aflora
A árvore que estremece e o pássaro que chora.
(Tradução acadêmica livre)