sábado, outubro 08, 2011


À beira do abismo... Eu posso tentar dar alguns passos pra trás, mas há tempos estou sendo pressionada por todos os lados. Eu não sei se ele vai comigo, sei que está lá e já não quer mais segurar minhas mãos, embora eu tenha insistido cansativamente pra isso, sem desconfiar que o empurrava com mais força do que ele poderia suportar. Olho por todos os lados, choro, sofro, grito, meus pedidos de socorro desesperados parecem ser vãos, agora eu sei a atitude certa a tomar, só não sei se ainda é possível, à essa altura só tenho vertigens, sensações confusas e ele gritando para largá-lo.
Se eu soubesse antes o que sei agora, poderia ter acertado ou ao menos preservado, mas eu tenho tanto medo de altura, não quis arriscar, preferi me agarrar a ele e eu ando tão pesada ultimamente.
Desde já, posso ver o estrago que isso vai causar e posso ver também que não é tão insuportável quanto me parece, às vezes. O que eu não posso aceitar é saber que sou capaz de minimizar a queda e estou inutilizada, todas as outras quedas não criaram apenas cicatrizes, trouxeram-me pequenas asas imperfeitas, muito úteis se conseguir abri-las e, aliás, minhas asas débeis começaram a se abrir.
Olho pro lado e ele ainda está lá, dando pequenos passos desengonçados, tentando continuar jogando fora todos os pesos inúteis, sobretudo, agora que não sou mais um peso, parece mais fácil. Será? Acho que assim como eu, um dia, ele vai perceber que consegue continuar só, se quiser, mas dividir o peso é menos custoso, ter alguém ao lado pra compartilhar é menos doloroso e, mesmo que venhamos a cair, o impacto é menos agressivo. Depois de levantar, é a hora de fazer os curativos, olhar pro alto e se preparar para uma nova subida e, novamente, é mais fácil ter alguém ao lado pra dividir as ataduras, medir as cicatrizes e se preparar para a nova escalada.
É triste ver meus erros se repetirem em outras pessoas e ele é irritamente parecido comigo. No final, a escolha é dele, tudo que posso fazer é esperar, a queda é inevitável, é assim que aprendemos. Sim, vamos cair, basta saber se chegaremos juntos.