terça-feira, junho 18, 2013

Dia desses....

Numa dessas sessões de terapia que me propus a frequentar, me peguei relembrando um dos poemas do Camilo Pessanha tão caros pra mim. Um dos que tantas vezes recitei nos meus momentos áureos de sala de aula. Tentando responder, mais uma vez, a frequente pergunta: como estás te sentindo agora? E sem saber como explicar, só ele me vinha a mente. Mesmo que, por incrível que pareça, não conseguisse lembrar dos versos. Estranho? Fui desafiada a me expressar de qualquer outra forma que não fosse falando (um convite gentil pra não dizer que falo demais), mas não sei desenhar, pintar ou qualquer coisa do gênero, isso imediatamente me remeteu ao poema, mesmo não lembrando exatamente o que ele diz. Só consegui rabiscar com giz de cera preto "sem ela o coração é quase nada". Não lembrei tudo naquele momento, depois, aos poucos minha mente foi relaxando, no banho, no outro dia, lembrei do poema quase todo, palavra por palavra, exceto por um verso, um único verso. 
Já tava ficando louca com a minha memória ridícula até esse maldito poema me dar um pouco de esperança, mesmo que ínfima. Aos poucos, fui pensando e descobri que meus esquecimentos são uma tentativa inconsciente de me  proteger do meu passado. Na verdade, sei que tê-lo embaixo do tapete não é me livrar, por isso volta e meia me pego rolando na sujeira, mas é incrível como é penoso lembrar de algumas coisas fundamentais, parte disso é melhor não lembrar mesmo, mas outra parte tornaria a minha vida mais fácil.
Tem tanto coisa que prefiro esquecer, embora saiba que é melhor enfrentar e superar. Ouço e até repito a ladainha, mas na prática, isso é impossível. Não sou capaz de lidar com meu passado e pra ser sincera, a fórmula mágica sempre funcionou: colocar embaixo do tapete até deixar de ser relevante. Depois de um tempo fica tão passado que nem importa mais. Simples assim. Dessa vez, tá demorando um pouquinho mais,  foi um pouco mais difícil também, mas vai funcionar novamente ou vai levar minha memória toda junto, não sei bem, ou um pouco das duas coisas, quem sabe. Nunca sei o que esperar mesmo.
O tal poema sempre falou um pouco de mim, hoje fala tudo. Sempre invejei o pessimismo simbolista, a dor existencial é tão bela na arte. Tempos depois, tenho certeza, na realidade, ela é pesada demais. Dói muito sofrer e com o tempo, é difícil imaginar que haja vida sem dor. Então, a pergunta se repete todos os dias, a todo tempo dentro de mim. Será possível isso? Se é possível, não descobri a fórmula e não tenho mais forças pra me aventurar a fim de descobrir. Sentido sei que não existe. É um vício quase desnecessário tentar entender tudo, porque no fundo não é possível compreender, nem mesmo explicar. 
Me perco divagando nas minhas explicações, pouco depois nem lembro o que tava tentando entender há poucos segundos e logo paro de tentar. Luta completamente vã. Perco pra mim mesma numa batalha imaginária, enquanto a vida passa e não chego a lugar nenhum. Faz algum sentido? Caminho sem volta.

segunda-feira, junho 17, 2013

Um me achava gorda, foi passear com uma magrela sem graça. Outro me achava magra demais, foi passear com uma periguete vulgar. Quando vão aprender a me aceitar como sou? Quando vão entender que não sou como as outras? Sou feita de extremos, sou excessivamente exagerada, não pra agradar os outros, mas porque é assim quem sei ser eu: do meu jeito.