Procuro despir-me do que aprendi
Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,
E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,
Desembrulhar-me e ser eu...
Alberto Caeiro
Procuro despir-me do que aprendi
Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,
E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,
Desembrulhar-me e ser eu...
Alberto Caeiro
O que tu pensas gozo é tão finito” (Hilda Hist)
Querias-me novamente corpo em tua cama?
Imaginavas-me novamente tua, nua, submissa?
Dispenso as veleidades
É sombra, é sol, até foi muito, hoje é nada.
Reviver tuas palavras oblíquas e obscenas,
Puro desperdício
Labirinto pavoroso-prazeiroso e passageiro
És incapaz de conter tão vasto querer.
Tudo tão passado, tudo que fomos,
Duas almas nômades em um corpo entrelaçado
Tão perdidas, tão ligadas, intrusas em nós dois.
Toma de novo minha boca, bebe o que sobrou,
O que se perdeu e insiste em encontrar
É puro costume, mais nada.