sexta-feira, outubro 09, 2009

Aprendendo a desaprender

Procuro despir-me do que aprendi

Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,

E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,

Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,

Desembrulhar-me e ser eu...


Alberto Caeiro

quarta-feira, outubro 07, 2009

Deslizes

“Que mitos, meu amor, entre os lençóis:

O que tu pensas gozo é tão finito” (Hilda Hist)


Querias-me novamente corpo em tua cama?

Imaginavas-me novamente tua, nua, submissa?

Dispenso as veleidades

É sombra, é sol, até foi muito, hoje é nada.

Reviver tuas palavras oblíquas e obscenas,

Puro desperdício

Labirinto pavoroso-prazeiroso e passageiro

És incapaz de conter tão vasto querer.


Tudo tão passado, tudo que fomos,

Duas almas nômades em um corpo entrelaçado

Tão perdidas, tão ligadas, intrusas em nós dois.

Toma de novo minha boca, bebe o que sobrou,

O que se perdeu e insiste em encontrar

É puro costume, mais nada.