sábado, dezembro 31, 2011

Sei que foi o melhor a ser feito, tive que deixá-lo. Não era esse o plano, mas afinal, pra onde foram nossos planos? Deve valer alguma coisa pro meu orgulho saber que eu desisti, antes que ele desistisse de mim. Só não sei por onde anda o meu orgulho ultimamente. Acho que vou fazer o que ela me disse, ela estudou pra isso, então tá na hora de cuidar de mim, só falta descobrir como, nunca fiz isso na vida. Tá na hora de me preocupar menos com os outros e olhar pra mais mim... Só acho que tenho medo do que vou encontrar.

quinta-feira, dezembro 08, 2011

Sabe o que acontece ? É que quando você entende o verdadeiro valor do amor, vocêpercebe que não vale a pena sair desperdiçando com qualquer pessoa. Ser solteira deixa de ser uma opção, vira a única saída. Ficar se gastando com quem é pequeno é tão cansativo. E ter que ficar ensinando o que é amor, respeito, cumplicidade... Quero aprender, pra variar um pouco. Ser a pessoa que erra, não a que perdoa, sabe ? Pelo menos por um momento. Quero um colo, um conselho, um amor-amigo. Não quero ser mãe de ninguém, nem namorada-e-só. Quero contar o meu dia, falar do meu passado e do meu futuro sem ter que me policiar, sem receios. Quero olhar nos olhos e me sentir compreendida, sem precisar ficar me explicando sempre. Ás vezes me sinto uma criança brincando de ser adulta. Eu quero ser a criança brincando de ser criança. Não conseguir o que eu quero e chorar, ficar perguntando o porque das coisas. Quero isso, alguém que me deixe ser pequena, sem nunca esquecer o quanto eu sou grande. Não sou professora de sentimentos, UTI de corações partidos, dona da verdade. Sou só a criança, percebe ? Só a criança.
Marcella Fernanda

sábado, outubro 08, 2011


À beira do abismo... Eu posso tentar dar alguns passos pra trás, mas há tempos estou sendo pressionada por todos os lados. Eu não sei se ele vai comigo, sei que está lá e já não quer mais segurar minhas mãos, embora eu tenha insistido cansativamente pra isso, sem desconfiar que o empurrava com mais força do que ele poderia suportar. Olho por todos os lados, choro, sofro, grito, meus pedidos de socorro desesperados parecem ser vãos, agora eu sei a atitude certa a tomar, só não sei se ainda é possível, à essa altura só tenho vertigens, sensações confusas e ele gritando para largá-lo.
Se eu soubesse antes o que sei agora, poderia ter acertado ou ao menos preservado, mas eu tenho tanto medo de altura, não quis arriscar, preferi me agarrar a ele e eu ando tão pesada ultimamente.
Desde já, posso ver o estrago que isso vai causar e posso ver também que não é tão insuportável quanto me parece, às vezes. O que eu não posso aceitar é saber que sou capaz de minimizar a queda e estou inutilizada, todas as outras quedas não criaram apenas cicatrizes, trouxeram-me pequenas asas imperfeitas, muito úteis se conseguir abri-las e, aliás, minhas asas débeis começaram a se abrir.
Olho pro lado e ele ainda está lá, dando pequenos passos desengonçados, tentando continuar jogando fora todos os pesos inúteis, sobretudo, agora que não sou mais um peso, parece mais fácil. Será? Acho que assim como eu, um dia, ele vai perceber que consegue continuar só, se quiser, mas dividir o peso é menos custoso, ter alguém ao lado pra compartilhar é menos doloroso e, mesmo que venhamos a cair, o impacto é menos agressivo. Depois de levantar, é a hora de fazer os curativos, olhar pro alto e se preparar para uma nova subida e, novamente, é mais fácil ter alguém ao lado pra dividir as ataduras, medir as cicatrizes e se preparar para a nova escalada.
É triste ver meus erros se repetirem em outras pessoas e ele é irritamente parecido comigo. No final, a escolha é dele, tudo que posso fazer é esperar, a queda é inevitável, é assim que aprendemos. Sim, vamos cair, basta saber se chegaremos juntos.

sábado, setembro 17, 2011

É mágoa

Ana Carolina
É mágoa
Já vou dizendo de antemão
Se eu encontrar com você
Tô com três pedras na mão
Eu só queria distância da nossa distância
Saí por aí procurando uma contramão

Acabei chegando na sua rua
Na dúvida qual era a sua janela
Lembrei que era pra cada um ficar na sua
Mas é que até a minha solidão tava na dela

Atirei uma pedra na sua janela
E logo correndo me arrependi
Foi o medo de te acertar
Mas era pra te acertar
E disso eu quase me esqueci

Atirei outra pedra na sua janela
Uma que não fez o menor ruído
Não quebrou, não rachou, não deu em nada
E eu pensei: talvez você tenha me esquecido

Eu só não consegui foi te acertar o coração
Porque eu já era o alvo
De tanto que eu tinha sofrido
Aí nem precisava mais de pedra
Minha raiva quase transpassa
A espessura do seu vidro

É mágoa
O que eu choro é água com sal
Se der um vento é maremoto
Se eu for embora não sou mais eu
Água de torneira não volta
E eu vou embora
Adeus

quinta-feira, agosto 18, 2011

Tolices de aniversario


E esse mal estar no dia do meu aniversário? Aniversário deveria ser uma coisa que a gente comemora, fica feliz com as pessoas que ama por perto, por todas as dádivas de mais um ano de vida, principalmente a dádiva de estar viva e não é que eu não esteja feliz por isso ou reclame de alguma forma, mas é que não sei se chegar a idade que cheguei desse jeito era o que queria, talvez em parte sim.
Talvez em parte.
Fiz muito do que queria, cheguei onde planejei, na medida do possível, no que não alcancei, não foi por falta de vontade ou de tentativa. Por vezes incontáveis, mudei os planos, consegui até o que não queria ou o que não esperava... Aconteceram tantas coisas. Isso não é o tipo de chatice que a gente diz por estar mais velho, até porque, ao contrário da maioria, nunca tive pressa de envelhecer, de chegar a maior idade pra poder fazer coisas que não podia antes, sempre fui bem devagar. Mas é por essa quase lerdeza que tinha um certo medo de envelhecer, nunca me imaginava com mais de vinte, parecia assustador, velha demais pra uma menininha infantil como eu e agora que passei um pouquinho disso, nunca tive tanta certeza de que cheguei bem, fiz as escolhas certas que me dão a tranquilidade de dizer algo do tipo "não me arrependo de nada do que eu fiz", embora isso soe mais como orgulho que outra coisa.
Se eu tentar avaliar, tenho um saldo bem positivo de tudo, mas é claro, sempre tem aquilo que poderia ter acontecido e mudado toda a trajetória, pra melhor ou pra pior e não tem como não pensar nisso. É de enlouquecer!
No final das contas, o mínimo que eu esperava hoje era estar bem, bem no sentido de estar feliz, realizada, tranquila, completamente nas nuvens e isso é possível, mesmo que por pequenos momentos. O problema é que faz tanto tempo que não acontece nada parecido. Na verdade, acho que um dos maiores problemas de envelhecer é esse, quase nada surpreende, tudo vai ficando igual ou simplesmente previsível e como boa procrastinadora, vou deixando tudo pra depois, tudo vai continuar como antes ou ao menos do jeito que eu espero que fique mesmo, pra que pressa? Devagar também se chega!
Ajudaria um pouco mais de estímulo, novidades boas, de preferência, a mesmice incomoda, gera pessimismo e talvez até esse mal estar chato. Sei que nem tudo é só notícia boa, mas tá bom de uma trégua, quero folga, quero carinho, é pedir demais? Seria até um bom presente de aniversário. É bom deixar as águas correrem, vamos ver no que quer dá.

quinta-feira, março 03, 2011

Me deixe mudo

Oswaldo Montenegro

Me deixe mudo
Não diga nada
Saiba de tudo
Fique calada
Me deixe mudo

Seja num canto
Seja num centro
Fique por fora
Fique por dentro

Seja o avesso
Seja a metade
Se for começo

Fique à vontade
Não me pergunte
Não me responda
Não me procure
E não se esconda