sábado, março 31, 2012

Eu já não sei

Roberta Sá


Eu já não sei
Se fiz bem ou se fiz mal
Em pôr um ponto final
Na minha paixão ardente
Eu já não sei
Porque quem sofre de amor
A cantar sofre melhor
As mágoas que o peito sente

Quando te vejo e em sonhos sigo os teus passos
Sinto o desejo de me lançar nos teus braços
Tenho vontade de te dizer frente a frente
Quanta saudade há do teu amor ausente
Num louco anseio, lembrando o que já chorei
Se te amo ou se te odeio
Eu já não sei

Eu já não sei
Sorrir como então sorria
Quando em lindos sonhos via
A tua adorada imagem
Eu já não sei
Se deva ou não deva querer-te
Pois quero às vezes esquecer-te
Quero, mas não tenho coragem


Acabei de me deparar com algo que havia escrito há algum tempo, dia 21/11/2010, pra ser mais precisa:

"Não gosto de pensar no tempo em que era feliz, porque isso me faz lembrar no quanto consigo ser infeliz".

Nunca foi tão atual!

domingo, março 25, 2012

Eu e os outros

Aos 44 quilos, nada parece tão diferente de antes, não pra mim, mas pros outros. Não aguento mais os comentários dos outros. Me olho no espelho e vejo as mesmas imperfeições, as mesmas gordurinhas fora do lugar, nada demais, só essa doença que me consome. Dói ver meus cabelos no chão, minha pele, meus dentes, minhas unhas, tudo enfraquecido. E enquanto isso, as pessoas fazem questão de me torturar, de me dizer o quanto estou feia tão magra, como se eu devesse me importar com a opinião deles, droga, tenho outras coisas mais sérias com que me preocupar. Será que ninguém percebe?
Eu devo ser uma excelente atriz mesmo, porque é impossível estar tão destruída e ainda ter gente se achando no direito de me criticar. ah, cansei, também não quero mais falar sobre isso se não o blog vai virar um diário de uma depressiva quase anoréxica.

Voltas


E depois de todo esse tempo ele vem com um papo furado de querer me ver, de dizer que ainda me deseja, que sente a minha falta quando olha as minhas fotos e se preocupa comigo. O que dizer? Como dizer que estou vazia, que como homem, ele não representa mais nada. Aos poucos, a mágoa vai aliviando, embora não suma, mas pensar em qualquer contato é sofrer por antecedência, é tortura.
Vamos agendar um dia pra nos ver num local discreto? Isso me diz tudo sobre ele, sobre o que ele se tornou, o tipo de homem que há muito está sobrando à minha volta e que eu havia resolvido não me envolver mais no dia em que o conheci, mas com ele é diferente e sabe disso. E é incrível como eu reajo. Poderia fazer o mesmo que ela fez, me aproximar e fazer estragos, exatamente igual, fazê-la provar do próprio veneno... eu não sou assim, diferente dela, eu tenho caráter, tanto que nego mesmo que ele ainda continue me procurando, neguei quando ainda queria e vou continuar negando.
Não é orgulho ferido, é auto-proteção, não volto a cometer os mesmos erros, não volto atrás quando termino algo e ele não vai ser exceção. Se sinto falta, é porque ele foi meu melhor amigo, foi minha base, meu tudo, o maior erro da minha vida. Ninguém deve ser tanto. Eu o amei como nunca amei ninguém, mais que a mim mesma e tirá-lo da minha vida foi a decisão mais sensata em meio a tanto caos.
Ninguém com o mínimo de sensibilidade abandonaria uma pessoa naquela situação ou seria tão cruel dizendo tudo aquilo que eu luto pra arrancar da minha mente e tenho até vergonha de repetir pra não me sentir mais humilhada. Nunca mais.
É tudo tão contraditório. Apesar de tudo, nunca o odiei, não o quero mal, oro por ele e me preocupo, quero vê-lo bem e não consigo me afastar de todo. A única conclusão a que posso chegar é o que disse a ele, tenho certeza de que o amor não acaba, se transforma, não sei como ou no que, mas é a única explicação pra ainda haver tanto carinho, tanto bem querer, mesmo que não haja a menor disposição pra uma volta. Só quero seguir em frente, ser capaz de viver.
Há alguns dias, uma amiga me reencontrou depois de anos sem contato e me disse que eu não havia mudado nada, continuava linda, independente, livre, como quando nos conhecemos. Será? Isso me fez lembrar quem eu era, mas é algo tão distante, parece mais um sonho. Como alguém pode mudar tanto? Não sei mais quem sou, está tudo tão misturado. Não me encontro em lugar nenhum, não me sinto bem com ninguém. Como ele pode fazer isso comigo? Como eu pude deixar ele fazer isso comigo?
Não aceito o lugar de vítima, não preciso da pena de ninguém. Eu só quero entender, só quero conseguir querer algo, lutar por algo, acabar de uma vez por todas com essa sensação de perda, de confusão. Tudo fica rodando enquanto eu quero parar. Quero calma, mas as coisas continuam mudando. Quero descer desta roda gigante, tenho medo de altura e já caí tantas vezes. Tenho medo de mudanças, estou tonta, será que não dá pra parar? Por que ele tinha que ir embora? Por que que tudo tinha que mudar tanto? Eu só quero ficar bem.

É isso mesmo...

Evito olhar os casais de namorados nas paradas de ônibus, e tem um painel publicitário em que um homem olha para uma loira com um desejo tão escancarado que me retorço e choro só de imaginar você olhando assim para outra mulher, e eu sei que você está, ninguém precisa me contar, eu sei como é que você se cura, se trata, você não chora nem lamenta, você volta pra rua, você vai atrás de todas as mulheres nuas feito um vira-lata, você está olhando nesse instante para outra mulher, está entrando nela, dizendo a ela como ela é gostosa, você está me matando dentro de você, e eu morro a quilômetros de distância, a sós comigo mesma, você transa com outra e me mata, você goza e me mata mais um pouco, você dorme e me deixa insone pra sempre, eu sei que não vai ser pra sempre, mas eu não enxergo o dia de amanhã, hoje eu só estou acordada pro eterno desse pesadelo, você era meu, droga, exclusivamente meu até dias atrás, meu como esse sofrimento.

Martha Medeiros