sexta-feira, agosto 11, 2017

Se não pode ficar comigo quando eu mais preciso, não me procure por obrigação. Não sou uma lembrança na agenda pra quando  houver disponibilidade.


Quanto mais seguimos juntos, mais distantes ficamos. Estavamos em rota de colisão e após a batida, não se conseguia diferenciar um corpo do outro, nada parecia capaz de apagar aquele incêndio. Mas as chamas diminuíram não sei bem quando. Aos poucos, ele segue outros trajetos.

A resignação nunca me vestiu tão bem, já que há tantos outros destroços a minha volta. Assim fica fácil desviar a atenção, lançar o olhar dos outros pra situações descabidas, esforços sobre-humanos, enquanto implodo. Ele diz que me ama e que sou importante, depois se distancia e então volta, após dias, como se nada tivesse acontecido. Gostaria de ter essa frieza, a total compreensão com a minha intensidade, a distante tranquilidade.

Pois bem, somos igualmente autodestrutivos, mas há tempos minha fragilidade me submeteu e ele parece não ver, parece ter lampejos apenas e tão esparsos que dá vontade de gritar, de sacudi-lo, estapeá-lo durante aqueles momentos em que me sento, baixo a cabeça e me calo, mesmo quando ele está ao meu lado. Enquanto isso derreto, enquanto isso me desfaço, enquanto isso recolho destroços esperando o momento em que ele volte a me ver.

quarta-feira, agosto 09, 2017

Não resisti à tentação, mas não apenas, dessa vez me superei. Algumas veias rompidas que prejudicaram bastante as suturas e dificultaram os oito pontos. Eu deveria me orgulhar? Dessa vez, vai ser difícil de esconder. Droga de vida pública.

terça-feira, agosto 08, 2017



Estou sufocada por todas as obrigações com as quais não sei lidar. Voltei das férias como se tempo nenhum tivesse passado e olhando pra besteira de não ter feito praticamente nada durante o curtíssimo tempo que se passou. De volta à realidade, nada mudou, as atividades apenas aumentaram e eu me arrasto querendo a cada dia sumir, morta em vida, mas as máscaras ainda funcionam, o sorriso ainda aparece porque as lágrimas secaram, não há mais nada a derramar, apenas sangue e a ideia parece cada vez mais tentadora.

Enquanto me apoio à pequena utopia de liberdade, ele faz outros planos. Andando por aí, vi o anúncio de um pequeno apartamento pra alugar e imaginei como seria perfeito ter um pouco mais de alívio das horas de cansaço dos dias agitados sobre o corpo dele, embora passemos os dias conversando sobre sua ida a São Paulo e o tempo que será dedicado a foder com a outra (ou sou eu a outra?). Estamos em caminhos tão diferentes agora. Eu deveria fazer o mesmo. Deveria estar escrevendo artigos, lendo textos, dando andamento à asfixiante vida profissional e talvez satisfazer meu corpo esporadicamente. Deveria.

Mas em algum momento as forças acabaram. Os remédios mantêm meu corpo funcionando minimamente, ainda que constantemente tenham se mostrado insuficientes, como hoje. Você vai parar um dia, ou para por vontade própria ou seu corpo vai fazer isso, eles diziam. Não, eu aguento mais, só preciso de mais um pouco, só mais uns meses. Eu consigo, eu consigo. Não, eu não consegui, por mais que repetisse o contrário pra mim mesma, o tal poder da mente simplesmente não existe pra mim. Levantar da cama todos os dias é uma tortura insuportável, já nem consigo evitar olhar meus braços. Não é o caminho mais fácil, eu sei, só parece mais libertador momentaneamente e mesmo que por segundos, preciso de tranquilidade. Preciso sentir que estou viva e sou capaz de algo. Estou a ponto de explodir.

Só sei que ainda estou aqui, sempre estarei presa às mesmas cadeias, vislumbrando de longe o que poderia ter sido ou o que poderíamos ter sido, pouco importa. No final, nada muda, eu continuo aqui, criando meus próprios problemas, vivendo minha prisão inadequada, incapaz de mudar, fraca demais pra continuar. Só eu em mim mesma.