Quanto
mais seguimos juntos, mais distantes ficamos. Estavamos em rota de colisão e
após a batida, não se conseguia diferenciar um corpo do outro, nada parecia
capaz de apagar aquele incêndio. Mas as chamas diminuíram não sei bem quando.
Aos poucos, ele segue outros trajetos.
A
resignação nunca me vestiu tão bem, já que há tantos outros destroços a minha
volta. Assim fica fácil desviar a atenção, lançar o olhar dos outros pra
situações descabidas, esforços sobre-humanos, enquanto implodo. Ele diz que me
ama e que sou importante, depois se distancia e então volta, após dias, como se
nada tivesse acontecido. Gostaria de ter essa frieza, a total compreensão com a
minha intensidade, a distante tranquilidade.
Pois
bem, somos igualmente autodestrutivos, mas há tempos minha fragilidade me submeteu
e ele parece não ver, parece ter lampejos apenas e tão esparsos que dá vontade
de gritar, de sacudi-lo, estapeá-lo durante aqueles momentos em que me sento,
baixo a cabeça e me calo, mesmo quando ele está ao meu lado. Enquanto isso
derreto, enquanto isso me desfaço, enquanto isso recolho destroços esperando o
momento em que ele volte a me ver.
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