domingo, maio 24, 2009

Pela manhã...

Imagens apagadas na minha retina, negação mental, não volto atrás. Escolho lembranças, as piores possíveis, e durmo com maior facilidade, se a mente insiste, eu insisto mais ainda, não posso perder uma noite tranquila de sono, é tarde. En-canto de sereia, pego no sono certa de atingir a paz procurada. Abro os olhos pela manhã e o teto parece pesar, tão rápido, mais uma noite sem sonhos, pouco descanso, mais uns minutos. Êxtase, real-sonho, não sei divisar, a imagem apagada se delineia: os olhos, o sorriso, nenhuma palavra, mãos, boca, língua, desespero, me traio, quebro promessas, pernas tremendo, não o vejo mais, sinto, preciso parar, é tarde. Abro os olhos pela manhã e o teto parece pesar, levanto, assustada, é hora de ir.

terça-feira, maio 19, 2009

(En)canto de sereia

Este blog anda abandonado pela falta de tempo e até de vontade. Tenho evitado escrever porque sei que sempre acabo voltando pra o sentimentalismo amoroso de sempre - ou a falta dele. Cansei de lamentar a falta de alguém que sinceramente havia esquecido depois de uma boa temporada de ódio. Evitei mesmo escrever agora, mas por que não, afinal? Não tenho nada a esconder, por pior que seja a aparência da causa e os fatos recentes só me deixam mais tonta com a situação aparentemente tão distante.
Existem sentimentos que me deixam bastante confusa. De dor e sufoco passei ao ódio, do ódio à mágoa, da mágoa à reclusão, da reclusão à calma, e por fim, da calma ao costume, distante e aparentemente livre. Como se diz, é o tempo, não a distância que faz esquecer.
Parece que voltei a reviver toda a euforia de outrora, entretanto, como o esperado, euforia extremamente passageira. A proximidade faz bem, e como ele mesmo diz, faz bem pro ego, há muito não sabia o que era isso. Por uns momentos, confesso que me deixei levar pela coisa, mais por impulso que por vontade, talvez a reclusão tenha feito aflorar sensações há tanto esquecidas. Eu senti a adrenalina fluir pelo meu sangue, tudo parecia igual ao que foi e por isso incomodou tanto. Nada pode ser igual ao que foi, não depois de todo o ocorrido, depois de todas as palavras trocadas. Por mais que eu queira esquecer, agora sei bem que não é tão fácil. É tudo tão igual que chega a incomodar, cadê a originalidade? Cadê a vontade de conquista, parece que não só eu queria um carinho no ego. É fácil, é só chegar perto, não é não!
Nenhum dos dois parecia se convencer de que ainda queriam. Não posso afirmar com toda a certeza por ele, mas por mim, nada parecia fazer sentido, por quê? Eu quis tanto. Há pouco mais de um ano faria tudo pra reviver isso, mesmo passando por cima do meu orgulho. Agora, as palavras, os beijos, nada faz sentido. Eu tentei reviver o sabor da aventura, em vão, pareceu tão repugnante, ainda sei fingir muito bem. O que ainda me atrai? Nem eu sei. Parece mais um labirinto, eu me afasto, eu procuro um outro caminho, mas acabo por esbarrar sempre no mesmo lugar. Um ciclo interminável, inconstante, um canto de sereia indescritível, instigante e incômodo. Totalmente paradoxal, é repugnante e atrativo, sei lá porquê.
Eu não quero realmente, estou mais do que convencida disso, embora haja algo que me seduza inevitavelmente. Há coisas realmente inexplicáveis.

Bem Longe
(Amy Lee)

Tirei seus sorrisos e fiz deles meus.
Eu vendi minha alma apenas para esconder da luz.
E agora vejo o que eu realmente sou,
Uma ladra, uma prostituta, e uma mentirosa.

Eu corro para você (fugir deste inferno),
Grito seu nome (desistindo, entregando),
Eu vejo você lá (você ainda está), bem longe.

Eu sou inexistente para você - inexistente e surda e cega.
Você me deu tudo, menos o motivo
Eu alcanço, mas eu sinto apenas ar na noite
Nem você, nem amor, simplesmente nada.

Eu corro para você (fugir deste inferno),
Grito seu nome (desistindo, entregando),
Eu te vejo lá (você ainda está), bem longe.