sábado, março 09, 2013

Cantares do sem nome e de partidas


Hilda Hist

II
E só me veja
No não merecimento das conquistas.
De pé. Nas plataformas, nas escadas
Ou através de umas janelas baças:
Uma mulher no trem: perfil desabitado de carícias
E só me veja no não merecimento e interdita:
Papéis, valises, tomos, sobretudos
Eu-alguém travestida de luto. (E um olhar
de púrpura e desgosto, vendo através de mim
navios e dorsos).
Dorsos de luz de águas mais profundas. Peixes.
Mas sobre mim, intensas, ilhargas juvenis
Machucadas de gozo.
E que jamais perceba o rocio da chama:
Este molhado fulgor sobre o meu rosto.
Me entupir de remédios não vai melhorar a situação, não vai se quer aliviar o que estou sentindo. Mas vai me parar por algumas horas, vai me fazer parar de pensar e tudo o que menos quero agora é pensar. Eu quero dormir, fechar os olhos e dormir sem sentir dor, sem ouvir críticas. Só quero ser esquecida por algumas horas e me abandonar em mim.