domingo, fevereiro 28, 2010

Pós-EPEL

Ameeeeeeeeeeeeeeeei! Há quanto tempo não me divertia tanto. Nova fase? Não sei, só sei que me fez bem demais. Evento de graduação, me senti uma dinossaura no meio dos quase calouros em alguns momentos, mas foi ótimo, liberdade novamente. Quanta coisa eu perdi, quantas sensações achei que nunca mais sentiria. Estudos, leituras, discussões, amizades, amores... Não tenho palavras pra dizer a felicidade aqui dentro, das expectativas que criei pra outros momentos semiplanejados, vamos ver.
Ainda tô cansada da viagem e no final das contas amanhã é outro dia, nem tudo são flores. Cotidiano louco: trabalho, estudo, trabalho, estudo, enfim. Que as lembranças ao menos perdurem, eu tô renovada.

segunda-feira, fevereiro 22, 2010

Inscrição na areia

O meu amor não tem
importância nenhuma.
Não tem o peso nem
de uma rosa de espuma!

Desfolha-se por quem?
Para quem se perfuma?

O meu amor não tem
importância nenhuma.
(Cecília Meireles)

domingo, fevereiro 21, 2010

Palavras dispersas, pensamentos distantes

As palavras somem quando preciso delas, não sei o que dizer, se é que há algo a ser dito. Gostaria de esclarecer, me esclarecer, talvez, mas não dá. É loucura, meu Deus, eu sei. A pior de todas as loucuras, talvez por ser a única que tenho cometido. Estou muito equilibrada, organizada, a maior parte do tempo, pelo menos... quando vejo, volto atrás. Larguei tudo, não olho pra trás nem sinto falta de nada, mas ainda há algo não resolvido. Porque ainda o procuro? Me sinto completa, resolvida, bem tranqüila até e num átino de segundos meus dedos já discaram, mandaram uma mensagem, deveria ter superado.
Por que eu? Não sei, não sei responder a isso, como também não sei responder a todas as outras coisas. Nunca sei o que dizer, me atrapalho toda e logo eu que falo tanto, que quase sempre tenho uma boa explicação pra tudo. Isso não se explica, é como é. Só se sente, se satisfaz e vai embora. Eis tudo. Não é suficiente? É pra mim, com o tempo se tornou. Não quero mais que isso, mas ainda tenho medo de ter menos ou nada. Tão independente e tão presa. É cômodo, não? Acho que também é pra mim, não posso criticá-lo. Meu objeto? E eu, o que sou? O que somos? Dois temporariamente loucos, lascivamente atrelados, sei lá.

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

Gritos mudos do meu corpo incapaz de alcançar o teu.

sábado, fevereiro 13, 2010

Nem sempre sou igual

Nem sempre sou igual no que digo e escrevo.

Mudo, mas não mudo muito.

A cor das flores não é a mesma ao sol

De que quando uma nuvem passa

Ou quando entra a noite

E as flores são cor da sombra.

 

Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.

Por isso quando pareço não concordar comigo,

 

Reparem bem para mim:

Se estava virado para a direita,

Voltei-me agora para a esquerda,

Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés —

O mesmo sempre, graças ao céu e à terra

E aos meus olhos e ouvidos atentos

E à minha clara simplicidade de alma ...

(Alberto Caeiro)

 

 

Dia-a-dia e inutilidades

E não é que gripei? É uma droga ficar de cama, sem internet, sem poder sair direito, a não ser pra fazer as coisas mais essencais, como pagar contas, por exemplo. Isso que aliás tem me sufocado. Por que nosso mundo tem que ser tão movido a dinheiro? Me planejei, me segurei pra não ser tão compulsiva quanto geralmente sou e não adiantou de nada. Eu nem imaginava que uma casa poderia produzir tantos gastos, quer dizer, até imaginava, mas não é fácil abrir mão das minhas coisas, daquilo que eu me organizei pra fazer pra ajudar a família. Mas enfim, nem sei porque tô dizendo isso, não é tão ruim assim.

Uma coisa que não esperava era tanto trabalho aparecendo e justo quando eu não queria. Na verdade eu até queria, o dinherio é bom e tem ajudado, a questão é... 2010 era pra descansar, escrever minha dissertação com tranquilidade, cuidar de mim. Agora tô vendo que vou ter poucos dias livres, aliás, poucos horários livres, um dia é sonho distante. De fato é o que um professor meu dizia, como piada, na época do cursinho, a gente só descansa quando morre e como não estou morta e nem espero estar perto disso, o melhor é encarar e seja o que Deus quiser.

 

segunda-feira, fevereiro 08, 2010

Por vezes não sei me encarar, olho pra mim procurando alguma coisa e não encontro nada além de confusão. Espelho vazio. Olhar vazio. Porta aberta fechada.

E mais uma semana começa...

Ô vidinha mais ou menos essa minha! Eu sei que ninguém vive de mudanças e euforia o tempo inteiro, mas dava pra acontecer alguma coisa diferente, só pra variar, né? Os meus dias andam tão comuns, quer dizer, tem essas lentes que eu não me acostumo de jeito nenhum, fora isso, tudo na mesma. O desespero pela dissertação, os prazos dos trabalhos pra apresentação e publicação dos artigos, as aulas pra planejar. E isso é só o começo, nada de euforia e adrenalina, mas o ritmo tá acelerando, e eu que queria descansar esse ano! Acho que me acostumei mesmo com a correria, quando percebo já tô atolada em trabalho.

Ah, graças a Deus, mais um vestibular que se vai, não aceitei nenhuma revisão este ano, então, minha última aula é amanhã e férias por alguns dias, ufa! Só minhas crianças por algum tempo.

Outra coisa que ia esquecendo, tinha prometido nãocomentar — isso porque não quero dar muita importância — novos estremecimentos. Nada que eu não soubesse que poderia voltar a acontecer, quer dizer, não aconteceu nada ainda, por isso não tem nada com que me preocupar por enquanto, mas ouvir aquela voz, àquela hora. Fiquei sem reação, sem jeito por não ter mais o número gravado no celular, sem saber o que dizer pras crianças que queriam brincar comigo porque eu encho elas de regras e tava quebrando uma atendendo o celular na sala. Não sabia o que fazer, o que pensar, tão inesperado. Pode não ser nada, ou ser muita coisa que eu tava evitando, sei lá.

Não posso negar que tenha mexido comigo, mas dos males o menor, não consigo considerar nem mesmo como euforia, na verdade, até me preocupa pensar na possibilidade de voltar à estaca zero, de voltar às confusões quando a vida parece tão mais fácil e mais tranquila. O que dizer? Dessa vez não estou desarmada ou algo do tipo? Sempre digo isso e me sinto super frágil, quando vejo, tudo de novo, até quando? Eu queria dizer coisas do tipo já chega, paramos por aqui, ou outra coisa mais elaborada, mas cadê a coragem? A vontade some todas as vezes que ele se aproxima. De longe é tudo tão mais fácil e então ele aparece e eu desmorono. Ai que ódio de mim! 

Serenata

" ... Permita que eu feche os meus olhos,

pois é muito longe e tão tarde!

Pensei que era apenas demora,

e cantando pus-me a esperar-te.

Permite que agora emudeça:

que me conforme em ser sozinha.

Há uma doce luz no silencio,

e a dor é de origem divina.

Permite que eu volte o meu rosto

para um céu maior que este mundo,

e aprenda a ser dócil no sonho

como as estrelas no seu rumo ... "

(Cecília Meireles)

quinta-feira, fevereiro 04, 2010

Noções

Entre mim e mim, há vastidões bastantes

para a navegação dos meus desejos afligidos.

 

Descem pela água minhas naves revestidas de espelhos.

Cada lâmina arrisca um olhar, e investiga o elemento que a atinge.

 

Mas, nesta aventura do sonho exposto à correnteza,

só recolho o gosto infinito das respostas que não se encontram.

 

Virei-me sobre a minha própria experiência, e contemplei-a.

Minha virtude era esta errância por mares contraditórios,

e este abandono para além da felicidade e da beleza.

 

Ó meu Deus, isto é minha alma:

qualquer coisa que flutua sobre este corpo efêmero e precário,

como o vento largo do oceano sobre a areia passiva e inúmera...

 (Cecília Meireles)

segunda-feira, fevereiro 01, 2010


Se for possível, manda-me dizer:

— É lua cheia. A casa está vazia —

Manda-me dizer, e o paraíso

Há de ficar mais perto, e mais recente

Me há de parecer teu  rosto incerto.

Manda-me buscar se tens o dia

Tão longo como a noite. Se é verdade

Que sem mim só vês monotonia.

E se te lembras do brilho das marés

De alguns peixes rosados

Numas águas

E dos meus pés molhados, manda-me dizer:

— é lua nova —

e revestida de luz te volto a ver.

(Hilda Hist)