sábado, setembro 23, 2006

"Os amigos nos ajudam a nos conhecer um pouco melhor, e a gostar de nós mesmos um pouco mais."

É muito bom ver o quanto somos importantes para algumas pessoas. Há poucos dias recebi uma carta de uma aluna com quem tenho mantido um relacionamento mais próximo.
Como professora me sinto sempre bem melhor com alunos que mostram interesse pela literatura e ela, além do afinco com que estuda não só a minha, mas todas as outras disciplinas, tem um quê de especial, não sei como explicar.
É muito bom ver o carinho que conseguimos cultivar embora a relação professor/aluno nos legue uma relativa distância. Assim, tenho aprendido a manter amizade com vários alunos e ex-alunos (Abaetetuba que o diga). Essa semana mesmo fiquei muito feliz ao rever uma ex-aluna que já está dando aula - como o tempo passa rápido!!!!
Mas voltemos à carta, não dá pra colocá-la na íntegra, então, selecionei um poema singelo, mas lindo e muito especial, já que foi feito pra mim:
AMIZADE

A amizade é um forte vínculo
que construimos com o tempo
utilizando de palavras, umas
animadoras outras fortes.

As animadoras para fazer sorrir
quando precisamos e as fortes
para fazer chorar quando necessitamos.

Nossos verdadeiros amigos são os que
nos fazem rir, chorar, gritar, calar.
Ou até mesmo nos fazem transformar
mudar, lutar, crescer, sonhar.

A amizade é isso
cheio de idas e vindas.
De perdão e de desculpas.

Mas na verdade sempre.
Nossos amigos estam
nos esperam para nos ajudar.

Jennifer Albuquerque

quinta-feira, setembro 07, 2006

"Eu me transformo depressa demais. Meu hoje contradiz meu ontem. Com freqüência salto degraus quando subo, coisa que os degraus não me perdoam.
Quando chego em cima, sempre me encontro só. Ninguém me fala. O frio da solidão me faz tiritar. Que é que quero, então, nas alturas?
Meu desprezo e meu desejo crescem juntos. Quanto mais me elevo mais desprezo aquele que se eleva. Que é que ele quer, pois, nas alturas?"
(Assim falava Zaratustra - Nietzsche)

terça-feira, setembro 05, 2006

Ainda o caderninho


A curiosidade me motivou a saber qual foi a última coisa que escrevi no meu caderninho, todas as anteriores têm pelo menos 3 anos. Essa faz poucos meses, mas já parece tão distante (nem eu mesma consigo acompanhar as minhas mudanças). Lembro que escrevi na sala de aula, numa daquelas aulas monótonas das 12h às 14h, como as terças e quintas marcaram! Foi a minha última tentativa com o que eu chamo de relacionamento (nunca soube definir estas coisas em que eu me lanço com tanta voracidade).
Havia acabado de chegar àquele ponto em que se quer logo uma resolução definitiva.
Agora é como olhar de longe, é como sair de mim e do alto ficar facinada com a visão panorâmica do passado. Me valeram algumas linhas, algumas lágrimas e muitas histórias.

Ele passa em frente a minha porta e nunca entra
ele me vê e nunca olha.
E todo esse desejo que ele fez brotar e agora tolhe,
todo esse desprezo que ele imprime a ferro e fogo
como um dia imprimiu seu sorriso, seu perfume,
sua voz, seu gosto...
ainda estão bem marcados, desmarcados,
início e fim (?) na pele, na memória.

PS: Já estou sendo cobrada quanto ao trabalho com a linguagem, principalmente por amar tanto poesia e trabalhar com isso. Não ousaria chamar meus desvarios de poesia, é muito mais um desabafo, não só porque a maioria diz respeito a uma época mais imatura, também porque não tinha tanta preocupação com esse tipo de coisa.

...Relembrando


Ainda folheando meu caderninho, senti o perfume vigoroso da minha adolescência, tive de volta pequenas lembranças com essa fragrância que já se desfaz à medida que os dias passam. É tão interessante ler naquelas linhas a menina inquieta que fui.
Durante algum tempo senti uma necessidade inquietante de ser outra e ainda ser eu, ela seria então uma outra eu. Um escape daquelas sensações que não queria em mim. Morgana foi (ou talvez esteja apenas adormecida) uma expansão da volúpia, um impulso de vida sufocado pelos "bons costumes". Ela é a essência louca que toda garota tem em alguma fase da vida, por isso foi tão bom reencontrá-la. E se antes eu sentia uma incrível timidez pelo Supremo enleio, essa é uma parte (e minúscula parte) que ousei esconder pra não ser mal interpretada. Seja o que for, essa é a Morgana, impulsiva, incontrolável, sensual....

Cansei de ser normal
eu quero o amor imoral
eu quero a noite com suas carícias e delícias
quero a chuva sobre o meu corpo
os abraços de quaisquer braços
os beijos de qualquer boca
eu quero o vento quero o tempo
a brisa fria a mexer meus cabelos
os toques cálidos a acariciar meus pêlos
eu quero tocar o infinito
quero ouvir meus gritos
me sentir viva novamente
correr nua no meio da rua
loucamente rir do nada à luz da lua
eu quero os meus vícios
quero voltar a correr todos os riscos
andar sem me importar com nada
ter meus orgasmos de madrugada
eu quero meus olhares de cinismo
quero minha vida de pessimismos
esquecer os sonhos colher os pesadelos
viver as fantasias que criei
as loucuras que recriei
eu quero tudo e quero ir cada vez mais fundo
eu quero a vida

domingo, setembro 03, 2006


A moda agora é ter um blog, e na verdade nunca entendi direito como isso funciona. Aliás, não sou de seguir "modinhas", mas achei a idéia até interessante e resolvi aderir. Daqui pra frente, vamos ver no que vai dar.
Todo leitor voraz acaba se tornando escritor apaixonado e eu não seria diferente, já que os livros são uma verdadeira paixão da minha vida, se não fosse pela minha extrema timidez em mostrar uma linha se quer do que escrevo (ou escrevi, porque já faz tempo que não pratico esse ato). Minha mãe conta que quando era criança escrevia muito bem, e a minha psicológa gostou tanto que resolveu pedir permissão pra publicar, até aí ainda me lembro de tudo. O que eu não lembrava era que eu tinha escondido meu caderno de poemas num lugar que ninguém sabe (e estou incluída nesse grupo). O máximo que lembro é de ter resolvido nunca mais escrever pra que ninguém visse.
Depois de um tempo e tendo esquecido tudo isso acabei cursando letras e a necessidade de escrever se tornou praticamente uma razão de viver, as palavras começaram a correr competindo com as hemoglobinas do meu sangue, algumas vezes saíam pelos meus poros, mas ainda assim ficavam entranhadas na minha alma. Como fui tola! Voltei aos velhos hábitos e a timidez continuou maior que eu. Apenas uma pequena parcela dos meu amigos pode ler aquilo que eu chamo de "desvarios e devaneios". Resolvi finalmente mostrar alguma coisa.
Folheando meu caderninho de capa vermelha (intencionalmente igual ao meu tão querido de quando era criança), procurei algo que pudesse mostrar e isso parece tão difícil, estou em cada linha do que escrevo por isso é tão complicado se mostrar tão desnudamente.
Começo então com uma lembrança lancinante, mas doce.
Supremo enleio
A brisa da manhã me acordou acariciando-me suavemente a pele, imediatamente te trazendo aos pensamentos, invadindo minha cama num supremo enleio. É maravilhoso acordar e sentir o sangue correr apressado por todo o corpo, estar com frio e ser aquecida pela lembrança dos teus braços ainda podendo carregar a fragrância do último encontro.
Trago comigo as quimeras doces e perfumadas que floresceram em meus jardins após tua última visita. Teu rútilo sorriso trouxe a vida, um pedaço do sol que me havia abandonado. Agora todas as horas passam doces e delicadas e cantam uma melodia que embala minha mente a escapar numa ilusão nostálgica, trazendo uma saudade ínfima dos teus abraços.
É nesses momentos que sorrio pro tempo, abraço o vento, danço com a chuva, toco teus lábios com a ponta dos dedos sonhando acordada. Tudo é só beleza, e cor, e perfume, que se misturam e se confundem nessa sensação transcendente quando nossos lábios se acariciam e nossas almas se tocam.