É, esta sou eu, dando o braço a torcer, admitindo erros que não cometi pra trazer tudo de volta. Não é isso que é a vida? Pelo menos é a minha vida. A vida de um irreconhecível ser humano dotado de um estranho prazer pela tempestade, pelos labirintos universais em busca do Minotauro faminto. Quem disse que precisa haver uma lógica nisso tudo? Não há lógica em mim, nem em nada ou ninguém.
Se eu refaço o caminho, posso novamente desfazê-lo e agora sem maiores prejuízos. Cada grão de areia me ensinou a difícil tarefa de dar os primeiros passos sozinha e eu merecia. Eu precisava ficar só pra aprender a estar acompanhada. E mesmo que tudo volte a ser como era antes, eu já guardei o meu fio de Ariadne.
Modinha
Cecília Meireles
Tuas palavras antigas
Deixei-as todas, deixei-as,
Junto com as minhas cantigas.
Desenhadas nas areias.
Tantos sóis e tantas luas
Brilharam sobre essas linhas,
Brilharam sobre essas linhas,
Das cantigas — que eram tuas —
Das palavras — que eram minhas!
O mar, de língua sonora,
Sabe o presente e o passado.
Canta o que é meu, vai-se embora:
Que o resto é pouco e apagado
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