quarta-feira, outubro 17, 2012

Hoje

E mais uma amiga grávida, além de outras 2 e da minha prima. O tempo passa, todo mundo se apaixona, se amarra, se casa, engravida e eu... Só fazendo merda, como sempre. Não é que eu queira estar em um relacionamento, é bem óbvio que tô meio traumatizada e é até bom ficar reclusa por um tempo. Analisei um pouco a minha vida e percebi que parece que sempre estive dentro de algum tipo de relacionamento, eu meio que vivi a vida de cada um deles e isso até explica porque a minha vida acabou quando terminei com o ex.
Ficar só está sendo uma forma interessante de me conhecer e é a primeira vez na vida que, de fato, fico só e não sinto a menor falta de ninguém, aliás, tenho evitado pra caramba, pensar em relacionamento me lembra preocupação, aventura então, completamente fora de cogitação. Aff, mudei tanto que nem me reconheço! As coisas que mais gostava acabam sendo as que mais abomino agora. Sou puro paradoxo! Oscilo a todo tempo, uma hora quero, na outra pulo fora. Uma hora tô cansada, segundos depois, sou dominada pela insônia. Inércia é meu apelido, vivo cansada. Depressão é uma desgraça mesmo. Sei que toda doença é chata, mas depressão é uma merda, tem horas que acho que vou pirar, quero rir, quero ficar feliz e nem consigo sair da cama. 
No outro dia, acordo (depois de alguns remedinhos, claro) me perguntando, que dia é hoje? Graças à tecnologia, meu celular me localiza. Aí vem aquela coisa, peraí, eu sonhei, aconteceu mesmo, fiz, falei? Não sei. Tá tudo tão confuso. Penso, penso, penso, ah, deixa pra lá, tem coisas que nem vale a pena pensar. É melhor me preocupar em como encontrar disposição pra fazer o que tenho que fazer. Quanta preocupação! Não quero sair de casa, quanto mais escolher a roupa que tenho que vestir, me arrumar, correr pra mamãe não perceber que eu não comi nada. É, ter fome é uma regalia, mas fiz um propósito e pretendo cumpri-lo, tanto que hoje almocei comida, por mais estranho que pareça não sei quando comi pela última vez, já que, geralmente, empurro alguns pães de queijo com coca-cola pra não ficar de estômago vazio e pronto. Pode não parecer tão saudável, mas tá funcionando, engordei, então, funciona.  
Assim parece que o tempo passa mais fácil, vou matando as atividades aos poucos, com certas dificuldades,   sonhando com a minha cama, mas, no fim, não tenho muito de que reclamar. Trabalho e ganho relativamente bem para o esforço que faço, pago minhas contas, meu tratamento, vou levando. Lembro que antes tava super nervosa com medo de uma crise chata quando voltasse a trabalhar, um dos maiores medos de voltar a ter uma vida pública era essa super exposição, as pessoas são tão curiosas que chega a incomodar, mas foi bem mais tranquilo do que imaginei. 
Na verdade, até me ajudou bastante, me sinto viva em sala de aula. É incrível como dizem que estou melhor, mais bonita, mais confiante. Interessante como as pessoas se importam com as aparências e em outros momentos, eu certamente reclamaria, agora não, faz bem pro ego e eu tô precisando. A vida precisa voltar a ter sentido pra mim, pelo que eu represento pra mim mesma independente dos outros. Nada nessa vida é por acaso, nada é coincidência, até o salmista dizia que foi bom ter sido castigado, hoje sei bem porquê. A dor nos ensina, insistir no que não é pra ser, é burrice, é pedir pra sofrer mais. Dói, demora pra caramba, às vezes parece até que é impossível sobreviver a tanta dor, mas em algum momento se encontra um outro caminho.
Lembro de uma vez dizer pro meu orientador que não sabia o que fazer na minha dissertação, imagina, uma pesquisa que vinha sendo construída há anos, era impossível não ter nada pra dizer. Então, com todo aquela calma tão característica, ele me olhou e disse, podes seguir vários caminhos, te acalma e escolhe um. Nossa, como isso faz sentido pra tudo. Por que a gente tem mania de complicar tudo? Minha vida virou de cabeça pra baixo, cheguei no fundo do poço e cavei mais um pouco (isso pra ser eufêmica), mas tô viva, impressionantemente saudável, com algumas cicatrizes, óbvio, mas bem mais experiente, mais sensível, sensata. Deus sabe o que faz, ou melhor, o que Ele permite que aconteça e, como disse ao meu pastor,  pessoas como eu precisam apanhar muito pra entender coisas fundamentais e começar a ter tranquilidade, estabilidade, pra olhar com tédio e perspicácia o que não faz bem, pra aproveitar as coisas mais simples e tão essenciais. 
Infelizmente, trago marcas bem difíceis, cicatrizes muito profundas e, por vezes, extremamente visíveis, mas será que não é isso que faz de mim o que sou e não o que era? Lamentar apenas não resolve nada, olhar as marcas só traz toda a dor de volta, não é disso que preciso. Preciso focar no que é importante, no que acrescenta e faz bem. Não lamento nada do que aconteceu, não faria nada diferente porque era o que queria naquele momento, errei, me arrependi, me decepcionei, como qualquer ser humano normal, o importante é o que vou fazer disso daqui pra frente.
Não sei mais o que quero, do que gosto, nem quem sou, mas sei bem o que não quero, o que não gosto e o que fui e isso vale tudo. Isso é toda minha vida. Pra quê tentar encontrar sentido? Basta viver, o meu caminho foi traçado por Deus, não por mim, só preciso seguir em frente e entender o que Ele quer de mim. Simples assim. 

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