quinta-feira, dezembro 05, 2013

Tô fugindo. Fugindo de tudo e de todos, inclusive de mim mesma. Tô lambendo as feridas, tentando me recompor sem fazê-lo de todo, em parte por incapacidade, em parte por falta de vontade. À flor da pele, completamente exposta. Nua. Morrendo de medo. Cansada. Mais uma vez traída. Mais uma vez abandonada. Não me reconheço. Reconheço a dor e fujo dela. Sou muito amada. Vejo os meus sonhos se realizando um a um. Não sei mais o que quero. Não sou mais eu. Não quero mais tudo isso. Não sei o que quero. Não sou boa o bastante pra manter tudo o que tenho. Nada é meu. Tudo passa. Não tenho capacidade e competência pra ser quem eu preciso ser pros outros. Pra mim? Não sei. Eu grito, todos escutam, riem. Sou bonita e inteligente. Ninguém vê aqui dentro. Eu falo. Eles não ouvem. Sou frágil. Não, sou forte. Deixem, sou forte. As rachaduras estão à mostra. Ninguém vê. Eu escondo. Por que ninguém vê? Eu não sou boa o bastante. Não posso fugir, não consigo. Preciso ficar. Aguento. Até quando? Não posso cair de novo. Não quero cair de novo. Dói. Vai ser pior. Sou forte. Eu posso, não me pressionem. Não, eu, não, não pressiono. Eu preciso aguentar. Vou ficar de pé dessa vez, é só não me abrir demais. Tô me negociando de novo. Não, de novo não. Não quero amar. Preciso amar. Eu quero mais. Eu preciso de mais. Sorrio. Tô feliz. Pára, deixa eu ficar feliz, deixa eu seguir em frente, não me segura. Eu quero, me deixa. Deixa eu viver, eu quero. Só não quero dor, deixa. Tô com medo. Não vai se repetir, eu mudei. Susto. Mudei muito. Ainda sou eu? Não lembro, esqueci. Apaguei, não consigo mais. Gosto de mim, é diferente. Estou orgulhosa. Sou uma mulher forte. Menina medrosa. Não dá pra voltar. Olha pra frente. Não vejo nada. Pra frente. Vou cair, não dá. Cadê ele? Quem? Alguém, qualquer um. Segura a minha mão. Desisto, não tem ninguém. Ele não quer ficar comigo. Tô com medo. Não tenho pra onde ir. Vou fugir.

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