sábado, dezembro 08, 2012

E de repente me deu uma vontade estranha de viver...

Vou começar a escrever alguns posts pra marcar esta nova fase louca, porque, de fato, me deu uma estranha vontade de viver. Dia desses, assisti a um programa do Discovery, no qual a moça em tratamento dependia de antidepressivo, como eu - ou melhor, até menos do que eu, porque como minha psiquiatra diz, tomo 2 em dose cavalar - e tão cansada quanto, desistiu de tomar porque queria viver. Diferente de mim, a tal moça percebeu de imediato que essa medicação nos provoca mais do que os efeitos esperados, paradoxalmente, ela nos deixa sob controle, com isso, quero dizer, equilibrar ou mais, regular mesmo. É mais louco do que parece. De qualquer forma, resolvi desistir dos remédios também. 
É muito chato viver mecanicamente com poucos choros e parcos risos, ver tudo tão racionalmente normal. Era realmente muito chato. Pior ainda é ser como sou, infinitamente querendo entender tudo. Por quê? É uma das minhas perguntas preferidas e isso me deixava mais inquieta. Dá pra entender, inquietação sem choro nem riso, sem qualquer reação física ou empenho em tentativa de descoberta? Não é por acaso que tava enlouquecendo. Não entendia tanta frieza, tanta incapacidade em mim de sentir algo há tempos e entendi o motivo de algumas das loucuras que fiz no desespero de me sentir viva. 
É muito claro pra mim que não estava tentando me matar quando cortei o pulso, pois o fato de querer ver meu sangue correr foi uma tentativa de ver alguma vida dentro de mim, mesmo que aparentemente se esvaindo. Na verdade, nem sei como explicar direito, talvez precisasse de um PhD em Psicanálise (se é que isso existe) pra tentar entender tantos atos completamente fora de controle e aparentemente tão pensados e calculados e, ainda assim, tenho quase certeza de que não chegaria a nenhuma conclusão. A única conclusão temporária que tenho disso tudo é que por mais complicado que seja, é melhor viver com intensidade de dor e prazer. É legal chorar, se sentir sensível, à flor da pele. É bom ter noites de insônia, me permite colocar algumas leituras em dia, ouvir músicas novas, experimentar em meu eterno laboratório, o meu quarto. Assim, não perco os limites, se nunca os perdi antes, por que os perderia agora? Não há só vantagens, óbvio. As lembranças recalcadas insistem em vir à tona, mas não é de todo ruim também, me impõe mais limites que antes, sem me tirar as forças, a vontade de reexperimetar a vida. Claro que não é nada legal ter de controlar vontades incontroláveis, dói, mas a dor faz parte da vida. Posso conviver comigo e com meu pessimismo tão característico sem me destruir. Eu precisava me livrar da dor que me derrubou, por isso procurei ajuda, aceitei tantas medicações pesadas, mas tá bom, foi tempo mais que suficiente. 
Tá na hora de inaugurar uma nova fase ao meu modo e já tomei algumas decisões: amanhã mesmo vou cortar os cabelos, aproveitar a moda dos curtíssimos e deixar as madeixas mais curtas ainda, além disso, tinha me prometido que até o final do ano resolveria quanto a fazer ou não uma tatuagem, ô duvidazinha cruel e, por anos, tão perseguidora! Cansei de brincar de tatoo de hena e desde o ano passado tô numa onda de, enfim, colocar uma definitiva, então, cheguei a uma resultado, como imaginava, tenho idade suficiente pra ter certeza do que quero e tatuagem é mais do que definitiva, é, sobretudo, significativa. 
Bom, infelizmente, não vou poder me dar este tão esperado presente de natal, então, resolvi colocar um piercing Monroe. Sempre achei legal, mas como já tenho um de nariz, três brincos na orelha, além de um de cartilagem, achava que ficaria exagerado. Daí, num final de semanas desses, assisti a um especial da Amy Winehouse (algo catártico, aliás, digno de ser comentado em outro post) e vi que ela usava exatamente o piercing  que quero acrescentar junto com o de nariz. Claro que, antes de destruída, os dois ficavam lindos no rosto dela, mas será que combinam com o meu? Não sei, só vou saber colocando, então, assim que descobrir respondo.      

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