domingo, janeiro 10, 2010

O amor nos tempos do cólera

           Finalmente terminei de ler O amor nos tempos do cólera do Gabriel García Márquez, andava me arrastando, digerindo as poucas páginas que conseguia por conta de outras atividades, lendo antes de dormir, andando com ele na bolsa e me encostando na primeira oportunidade, porque realmente fiquei fascinada. O enredo foi me prendendo e me surpreendendo. Como acreditar num amor que perdura por “cinquenta e três anos, sete meses e onze dias com suas respectivas noites”? É louco demais pensar num homem que consegue por tanto tempo se envolver com tantas mulheres, se apegar a algumas delas e ainda assim viver pra um ser em específico. Dormir, acordar, viver pra uma pessoa que o quer longe, e quando enfim atinge sua estrela distante sabe ser já no final de sua vida, fisicamente gasta e certamente aparentemente nada atraente. Como explicar senão por um sentimento chamado amor? Eu mesma não sou tão fã de romances piégas, mas este é tão fantasiosamente impregnado de realidade que conseguiu me prender do início ao fim. 
          Florentino Ariza é com certeza um daqueles típicos canalhas que tanto me atraem, que seduz à sua maneira todas as mulheres que aparecem à sua volta das formas mais loucas, sem medir esforços. Cada conquista das suas passarinhas, seus amores de cama e a descrição das suas quase filosóficas maneiras de fazer o amor, que primeiramente aprendera olhando pelas frestas de um prostíbulo e aprimorara com as experiências. Uma de suas interessantes filosofias foi explicada ao seu primeiro amor de cama, a viúva de Nazaret: “convenceu-a de que a gente vem ao mundo com as trepadas contadas, e as que não se usam por qualquer motivo, próprio ou alheio, voluntário ou forçado se perdem para sempre”.
            Quando penso que Florentino chegou ao final de sua vida bem vivida, chega ao limite de no alto de sua velhice se envolver com uma menina “com aparelho nos dentes e raladuras de escola primária nos joelhos” para descobrir-lhe o gosto de inocência trazendo-lhe o encanto de uma perversão renovadora. Cada passo de sua vida atropelada pelos de Fermina Daza e de seu marido semi-deus e invejado pela sociedade me instigaram. É com toda a certeza um daqueles livros que por muito tempo ainda vão estar no meu rol de preferidos.

PS: Obviamente são só comentários de impressões pessoais, nenhuma pretensão ou intenção de fazer análise literária, até porque a essa hora da madrugada tô com preguiça demais pra fazer isso.

Um comentário:

FRANK LAURO!! disse...

bem oportuna sua observação sobre o livro, já o li e entre os livros do Garcia Marques é o que menos gosto devido, justamente, ao seu gosto duvidoso. prefiro outros de sua safra como os funerais da mamãe grande, ninguém escreve ao coronel e o magistral cem anos de solidão. recentemente li o memória de minhas putas tristes. mas, na verdade trata-se de uma visão um tanto quanto sulamericanizada do livro a casa das belas adormecidas do japones Yasunari Kawabata. mas, vale como referencia para outros livro do Garcia. ler é importante, pô...