
Além disso, há quanto tempo não tinha mais esse contato tão gostoso com a poesia: ler, recitar, ouvir. Tudo de bom. Quase enlouqueci com o trabalho e mesmo dando aula de literatura, as frustrações já eram tantas que a leitura dos poemas estava sendo quase automática, só não perdi o amor porque de fato literatura é minha vida, mas estava me sentindo sufocada. Acordava me sentindo obrigada, contava os minutos pra que as aulas acabassem, sem contar que já não tinha mais vida social, porque o tempo livre que tinha era pra elaborar aula, reler leitura obrigatória, fazer na doida os trabalhos do mestrado e dormir, em último plano, pra descansar. Como minha nova situação faz diferença, poder viver pra estudar é tudo.
Qualquer um percebe a mudança gigantesca tão aparente que parece exalar de mim. Talvez a gente de fato reflita a felicidade, porque por incrível que pareça até emagreci, mesmo comendo como uma louca como estou e, é claro, meu humor mudou totalmente. É até engraçado dizer isso, pode parecer tolice, mas nunca estive tão apaixonada por mim e pela minha vida. Bom, deixando isso um pouco pra lá, coloco aqui dois dos poemas que li no sarau e posteriormente publico os outros que discutimos por lá.
Qualquer um percebe a mudança gigantesca tão aparente que parece exalar de mim. Talvez a gente de fato reflita a felicidade, porque por incrível que pareça até emagreci, mesmo comendo como uma louca como estou e, é claro, meu humor mudou totalmente. É até engraçado dizer isso, pode parecer tolice, mas nunca estive tão apaixonada por mim e pela minha vida. Bom, deixando isso um pouco pra lá, coloco aqui dois dos poemas que li no sarau e posteriormente publico os outros que discutimos por lá.
Canção
(Cecilia Meireles)
No desequilíbrio dos mares,
as proas giram sozinhas...
Numa das naves que afundaram
é que certamente tu vinhas.
Eu te esperei todos os séculos
sem desespero e sem desgosto,
e morri de infinitas mortes
guardando sempre o mesmo rosto
Quando as ondas te carregaram
meu olhos, entre águas e areias,
cegaram como os das estátuas,
a tudo quanto existe alheias.
Minhas mãos pararam sobre o ar
e endureceram junto ao vento,
e perderam a cor que tinham
e a lembrança do movimento.
E o sorriso que eu te levava
desprendeu-se e caiu de mim:
e só talvez ele ainda viva
dentro destas águas sem fim.
Envoi
(Mario Faustino)
Vai, meu canto,
Dizer a que te escute desta dor
Severa como as coisas longevivas
Prometem ser, troféus de heróis do olvido;
Vai dizer-lhes
Da dança que dançamos, rito ardente,
E do barro fiel donde extraímos vida
Mais casta que as idéias passageiras,
ornatos da tormenta...
E dize-lhes do eterno,
Do rubro que inda jaz sobre os mosaicos
Onde o dourado é morto...
Vai, meu canto, Eu te sigo em segredo, por bizarros ouvidos:
Como um rei que mandou seu segrel para a guerra
E o vê partir de longe, do alto das seteiras...
No desequilíbrio dos mares,
as proas giram sozinhas...
Numa das naves que afundaram
é que certamente tu vinhas.
Eu te esperei todos os séculos
sem desespero e sem desgosto,
e morri de infinitas mortes
guardando sempre o mesmo rosto
Quando as ondas te carregaram
meu olhos, entre águas e areias,
cegaram como os das estátuas,
a tudo quanto existe alheias.
Minhas mãos pararam sobre o ar
e endureceram junto ao vento,
e perderam a cor que tinham
e a lembrança do movimento.
E o sorriso que eu te levava
desprendeu-se e caiu de mim:
e só talvez ele ainda viva
dentro destas águas sem fim.
Envoi
(Mario Faustino)
Vai, meu canto,
Dizer a que te escute desta dor
Severa como as coisas longevivas
Prometem ser, troféus de heróis do olvido;
Vai dizer-lhes
Da dança que dançamos, rito ardente,
E do barro fiel donde extraímos vida
Mais casta que as idéias passageiras,
ornatos da tormenta...
E dize-lhes do eterno,
Do rubro que inda jaz sobre os mosaicos
Onde o dourado é morto...
Vai, meu canto, Eu te sigo em segredo, por bizarros ouvidos:
Como um rei que mandou seu segrel para a guerra
E o vê partir de longe, do alto das seteiras...
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