domingo, novembro 29, 2009

Nostalgia

Nossa, que preguiça. Não vou fazer chapinha hoje, vou usar os cachinhos esta semana. É mais fácil, mais prático, fica bonito. Sempre dizem que eu pareço mais menina com eles, é assim que eu gosto, mais menina, parece que envelhecer assusta. Eu sempre lidei melhor com esse substantivo-adjetivo: menina. Você não é mais ninfeta, agora é só Ninfa, diz um amigo, um sorriso amarelo pra não perder amizade, é, devo aceitar, estou envelhecendo, processo natural da vida. Olho minhas fotos de 4, 5, 6 anos atrás, nada mudou, umas gordurinhas, mais nada, se me olhar ao espelho, também não consigo perceber tanta diferença. Mas como eu dizia aos meus alunos ontem: o espelho não nos conta que envelhecemos, é pelos outros que sabemos, as crianças crescem muito rápido, meus vizinhos, meus primos, minha sobrinha, eles me mostram que o tempo passa, mas eu não mudo, engano meu.
Professora, a senhora, antes me incomodava, agora já acostumei, é uma profissão que envelhece a gente. Menininha, diz uma professora da UFPA, perto dela você só pode ser menininha mesmo, tola, por que se sentir lisonjeada? 
Lampejos de antes, o olhar dos homens, aquela menina magricela que nunca ouvia não, que nunca ia atrás, bastava olhar, e olhar de graça, tu nem estás interessada, é puro charme, tão natural de ti, diz um amante entre beijos, álcool e poemas. A menina, tão arrogante, tão cheia de si, consciente de que a beleza é efêmera e certa de não ser tão bela assim, mas sempre provocante e bastante convincente. Todas aquelas figuras passeiam pelas minhas retinas... passaram. Deixaram lembranças, marcas, mais um sinal de envelhecimento, reminiscências é sinal de velhice, eu acho.
Contra minha vontade aceito, tenho de aceitar, mulher, deixando de ser menina, se é que ainda sou. 

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