terça-feira, dezembro 08, 2009

Signo

A respiração de novembro e de sua véspera

(outubro) arde-me não no cérebro

nem no ombro

mas — anel de fogo — nas ancas

e nas entranhas.

Em ti eu amo os amores todos.

Eu não podia aceitar isto

mas aceito agora. A vida

não cessa, é eterno continuar.

Por mais que se queira

o ávido sangue não será saciado.

A tarde é quem está bebendo este desejo

conivente com a violência

da parada da fera amada.

E numa noite de novembro é que fiquei pronta para a vida

ao ver o mar refletido no teu corpo

e ao meu rosto assomar todo o desastre.

(Olga Savary)

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